NÃO SABEMOS FAZER NENHUM TIPO DE RITUAL , SOMOS APENAS BLOGUEIROSOs zumbis são personagens comuns no folclore haitiano. Pesquisadores
que estudam a cultura haitiana relacionaram inúmeras histórias de corpos
que voltaram à vida graças aos sacerdotes ou feiticeiros de vodu. Os
zumbis são escravos descerebrados. Eles não têm autoconsciência e não
chegam a representar perigo, a não ser que comam sal, o que restaura
seus sentidos. Essas histórias são muito difundidas e parecidas com as
lendas urbanas: elas mexem com os medos mais profundos dos ouvintes e
parecem reais, apesar de improváveis.
Mesmo depois de
documentar várias histórias e boatos, os pesquisadores encontraram
poucas evidências sólidas que explicassem ou provassem o fenômeno. Em
geral, os supostos zumbis receberam nenhum ou poucos cuidados médicos
antes de morrerem. Os pesquisadores também tiveram problemas em lidar
identidades trocadas e fraudes.
Em 1980, um homem
apareceu numa vila rural do Haiti dizendo ser Clairvius Narcisse, que
havia morrido no Hospital Albert Schweitzer, de Deschapelles, Haiti, em 2
de maio de 1962. Ele se dizia consciente mas paralisado durante sua
suposta morte: ele até teria visto o médico cobrir seu rosto com um
lençol. Narcisse disse ter sido ressuscitado e transformado em zumbi por
um sacerdote.
VODU
O é uma religião haitiana, com raízes nas tradições africanas. Também chamada de voodoo, voudou, vodun ou voudoun, tem poucasemelhança com a maneira como ela é vulgarmente retratada pelos filmes.
Uma
vez que o hospital documentou sua doença e morte, os cientistas o viram
como uma possível prova dos zumbis haitianos. Narcisse respondeu
perguntas sobre sua família e infância que nem um amigo íntimo saberia
responder. No final das contas, sua família e muitos observadores
externos concordaram que ele era um zumbi que havia ressuscitado.
O
Dr. Wade Davis organizou seus estudos sobre os zumbis haitianos nas
crônicas"The Serpent and the Rainbow" e "The Passage of Darkness"
Os zumbis e a lei haitiana
Uma
lei que condena a criação de zumbis entrou em vigor no Haiti em 1835
[ref (em francês)]. O artigo 246 do Código Penal Haitiano (em francês)
classifica o uso em alguém de uma substância que gera um período
prolongado de letargia sem causar a morte como tentativa de assassinato.
Se a substância causar aparência de morte e resultar no enterro da
vítima, o ato é classificado como assassinato.
Davis
viajou para o Haiti a pedido do Dr. Nathan S. Kline, que criou a teoria
de que uma droga tinha sido a responsável pelas experiências de Narcisse
como zumbi. Uma vez que tal droga poderia ser usada medicinalmente,
particularmente no campo da anestesiologia, Kline esperava reunir
amostras, analisá-las e determinar como elas funcionavam.
Davis
observou que os haitianos que acreditavam em zumbis também acreditavam
que eles eram criados pela feitiçaria de um sacerdote (e não por um
veneno ou uma droga). Segundo a sabedoria local, o sacerdote pega o ti
bon ange da vítima, ou seja, a sua alma, para criar o zumbi, mas durante
sua pesquisa Davis descobriu que o sacerdote usava pós elaborados,
feitos de plantas secas e animais em seus rituais.
Davis
reuniu oito amostras desse pó de zumbi em quatro regiões do Haiti. Seus
ingredientes não eram idênticos, mas sete das oito amostras tinham
quatro ingredientes em comum:
O baiacu, um ingrediente do pó de zumbi
uma ou mais espécies de
baiacu, que normalmente contém uma neurotoxina mortal chamada tetrodotoxina;
uma espécie de
sapo boi (Bufo marinus) haitiano, que produz inúmeras substâncias tóxicas;
um
sapo de hyla (Osteopilus dominicensis), que produz uma substância irritante, porém não mortal;
restos humanos.
Além
disso, os pós tinham outros ingredientes de plantas e animais, como
lagartixas e aranhas, que poderiam irritar a pele. Alguns deles tinham
até vidro triturado.
O uso do peixe-bola intrigou
Davis. A tetrodotoxina provoca paralisia e morte, e as vítimas de
envenenamento por tetrodotoxina normalmente ficam conscientes até poucos
instantes antes de morrer. A paralisia os impede de reagir a estímulos,
bem parecido com o que Clairvius Narcisse descreveu sobre sua própria
morte. Os médicos também documentaram casos nos quais as pessoas
ingeriram tetrodotoxina e aparentavam estar mortas, mas se recuperaram
completamente.
Bufo marinus, um ingrediente do pó de zumbi
De
acordo com a teoria de Davis, o pó, aplicado topicamente, irritava e
rachava a pele da vítima. A tetrodotoxina poderia então passar para a
corrente sangüínea, paralisando a vítima e causando sua morte aparente. A
família enterraria a vítima e o sacerdote retiraria o corpo do túmulo.
Se tudo corresse bem, acabaria o efeito do veneno e a vítima acreditaria
ser um zumbi.
Embora a teoria de Davis tenha potencial, ela
apresenta algumas falhas. A seguir, veremos as controvérsias em torno da
pesquisa de Davis.
Natureza x alimentação
No
Japão, o baiacu é uma iguaria chamada fugu. Servido cru e preparado por
um competente chef, ele tem apenas tetrodotoxina o suficiente para
causar formigamento e tontura. Mas se o chef errar no preparo do fugu, o
resultado pode ser fatal.
Mas quando as pessoas comem
porções tóxicas de fugu e se recuperam, tornam-se vítimas de
envenenamento - e não zumbis. A teoria de Davis é que a cultura e a
crença fazem com que alguns haitianos acreditem ser zumbis após se
recuperarem dos efeitos do pó. Alguns sacerdotes dizem que a alimentação
de um zumbi inclui uma pasta de Datura stramonium, conhecida localmente
como "pepino de zumbi". Chamada de erva jimson nos EUA e de figueira do
diabo no Brasil, essa planta provoca febre, alucinações e amnésia,
aumentando potencialmente a crença da vítima de que houve uma
transformação.
O sal e os zumbis
Segundo
o folclore haitiano, um zumbi se cura ao ingerir sal. O que costuma
acontecer então é que ele ataca o sacerdote que o criou ou volta para o
local onde foi enterrado e morre. Ironicamente, a tetrodotoxina funciona
bloqueando os canais de sódio nos músculos e células nervosas. Não se
conhece a cura para o envenenamento por tetrodotoxina e é improvável que
a quantidade de sódio em um punhado de sal tenha qualquer efeito
fisiológico sobre uma pessoa envenenada.
Autodefesa contra zumbis
Seja
retratando zumbis tradicionais e lentos ou uma geração mais nova e
esperta deles, a maioria dos filmes e jogos concorda sobre como
sobreviver a um ataque de zumbis:
não entre em pânico;
fuja dos zumbis. Na maioria das vezes, você se move mais rapidamente do que eles;
junte comida, água, um rádio de emergência, lanternas e armas e fique num local seguro;
se
for possível, fuja para um shopping, loja de departamento ou outros
lugares onde você terá fácil acesso a comida e suprimentos;
fique longe de áreas muito populosas, onde a infestação é mais provável;
coloque obstáculos em todas as entradas e fique em seu lugar a qualquer custo;
não fique cercado ou enfiado num canto ou outro espaço fechado;
lembre-se de que qualquer pessoa que for mordida ou morta por um zumbi se tornará uma ameaça para você;
espere pacientemente por ajuda e faça preparativos de longo prazo para poder sobreviver.
Além disso, não caia nos erros comuns como:
abrigar-se em um carro cujas chaves não estão com você;
deixar lâminas, bastões ou outras armas à vista;
ensinar os zumbis a usarem armas de fogo;
dar sua única arma para alguém que está histérico;
fugir para um porão ou sótão sem levar suprimentos com você;
entrar no elevador em um prédio cheio de zumbis;
deixar sentimentos e argumentos pessoais impedirem sua sobrevivência.
Miooooolos
Filmes como "A volta dos mortos-vivos" popularizaram a idéia de que os zumbis comem os cérebros
(em inglês) das pessoas. Isso tem pouco sentido lógico, uma vez que o
cérebro é relativamente pequeno e mais protegido do que qualquer outro
órgão do corpo humano. De qualquer forma, algumas fontes explicam que os
zumbis só comem os cérebros dos vivos quando seus mestres mandam.
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