Seca severa no brasil em 2024 matara todas plantação no brasil

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Uma seca severa  em 2024 pode matar toda a plantação de alumento   no Brasil  segundo a análise da inteligência  artificial   Áreas mais afetadas As áreas mais afetadas pela seca severa de 2024 serão, principalmente, as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil. O Nordeste é a região mais suscetível à seca, pois já é uma região semiárida, com baixa precipitação média anual. O Norte também é uma região com baixa precipitação, e a seca pode agravar os problemas ambientais da Amazônia, como o desmatamento e os incêndios florestais. O Centro-Oeste, por sua vez, é uma região com alta dependência da agricultura, e a seca pode prejudicar a produção de grãos, como soja e milho. Cultivos ameaçados Os cultivos mais ameaçados pela seca severa de 2024 são os que dependem de chuvas para o seu desenvolvimento, como a agricultura de sequeiro. A soja, o milho, o algodão e o feijão são alguns dos cultivos que podem ser afetados pela seca. Áreas mais atormentadas com a fo

Somos uma espécie híbrida

Psyquiatry online Brazil
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Volume 22 - Novembro de 2017

UFRJ


 

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Na bíblia, o Gênesis nos diz que Adão foi o ancestral comum de toda humanidade. Mais adiante, no capítulo 6, fala-se que existiam “gigantes” sobre a terra, um povo dominante perito nas artes e ciências da época, descendentes de anjos machos com filhas de homens. Eles existiram na época anterior a um tremendo cataclismo que mudou toda a terra e seus habitantes: o “dilúvio universal”, citado em todos os mitos de fundação de todos os povos antigos. O povo de gigantes desapareceu nessa hecatombe, e a humanidade adâmica teve um novo começo. O relato sugere que uma espécie hominídea juntou-se à humana e produziu uma espécie híbrida fértil, que conviveu com os humanos. Adão não estava sozinho no Paraíso.

Sabemos hoje que nossa espécie foi a única que sobreviveu dentre várias similares, e que nossos ancestrais trocaram genes com elas que, alias, tinham genomas quase idênticos. O sequenciamento do genoma humano atual e de genomas de hominíneos extintos (Neandertal, Denisovan, e outros) provou de forma irrefutável que não somos uma “espécie pura”. Pelo menos 20% do nosso DNA é híbrido, proveniente de outra espécies hominíneas hoje desaparecidas. Temos em nosso DNA a contribuição dos genes de Neandertais, Denisovans, Africanos arcaico, Homo erectus, e possivelmente Homo floresiensis (que ficou conhecido como o “Hobbit”). Isso não é incomum, pois, de fato, são numerosos os exemplos de espécies separadas - inclusive com número de cromossomas diferentes -, que se cruzam e geram descendência híbrida e fértil. Nós somos uma espécie híbrida, e o nosso DNA não mente. Em outras palavras, houve uma época em que nosso ancestral Cro-Magnon e outras espécies hominineas conviveram. Não estávamos sozinhos no paraíso da pré-história.

O sequenciamento do DNA de um Cro-Magnon de 28 mil anos atrás mostrou que ele não difere do DNA de um europeu atual, isto é, a sequência permaneceu estável pelo menos por todo esse tempo (Caramelli et al., 2008). Da mesma forma, ficou recentemente provado que o DNA de um Neandertal que viveu há 38 mil anos iguala-se a 99,99% do DNA de uma pessoa de hoje, ou seja, tanto quanto diferem os DNAs de dois seres humanos (esses achados jogaram por terra muitos mitos sobre os Neandertais - que não tinham linguagem, eram obtuso, brutos). O Cro-Magnon e o Neandertal tinham grandes cérebros e eram tão modernos quanto nós, e a genômica mostra que efetivamente houve cruzamento entre ambos, de fato, todo caucasiano europeu e asiático modernos tem DNA Neander em seus genomas (em média 2%), exceto os africanos (o Neandertal não existia na África). A arqueoantropologia sugere que esses hominíneos e outros existiam há pelo menos 30 mil anos, portanto “antediluvianos”, mas não é impossível que isto tenha acontecido em um tempo menos recuado, como acreditam alguns pesquisadores.

Retornemos á história do Gênesis. Depois que o dilúvio exterminou a raça de gigantes, o mito nos diz que a semente humana foi preservada em três povos distintos ou “raças”: Cuxe, Sem e Jafé. Essas populações conviviam em uma estreita faixa de terra num planeta inundado, uma espécie de arca natural, e depois que as Águas baixaram eles se espalharam para o sul (Africa), leste (Europa) e norte (Ásia). Essas narrativas se repetem insistentemente nos textos sagrados antigos que tratam da gênese humana, mas como são mitos elas não nos oferecem evidências, não havia ainda a narrativa histórica.

A genética humana e a antropologia recolocaram com base em algumas evidências a origem do homem na África, que passou a ser a “arca de Noé” científica. Essa teoria, conhecida como “Out of Africa”, considera que os ancestrais dos povos caucasianos e asiáticos (ou seja, os bíblicos Sem e Jafé) saíram da África há cerca de 60 mil anos (o Neandertal já estava na Europa há pelo menos 300 mil anos). Note que a teoria do “Out of Africa” segue o mesmo roteiro do Gênesis bíblico com uma diferença: no Genesis, as origens europeia, africana e oriental foram raciais, enquanto na teoria Out of Africa a origem foi uma só, não havia raças.

A teoria Out of Africa fundamentou a campanha acadêmica para eliminar o conceito de raça na década de 1990. O marco desse movimento foi o trabalho de Alan Wilson e Rebecca Cann que defenderam a teoria da “Eva africana”, a mãe ancestral comum de todos os humanos com base na sequência do nosso DNA mitocondrial (que herdamos de nossas mães). Justiça seja feita, eles colocaram Eva na África, mas disseram estar plenamente consciente que “genealogia não é geografia”, e que sua alocação de Eva na África era “uma suposição e não uma afirmação”. Mas como ninguém estava preocupado com isso a teoria da mãe africana ancestral ganhou força, especialmente através da imprensa, embora houvesse inconsistência nos dados e nenhuma análise do cromossoma Y.

Em 2012 dois geneticistas russos apresentaram evidências consistentes que negavam que os povos de origem europeia e asiática saíram da África. Eles se basearam na análise de haplogrupos do cromossoma Y e concluíram que nosso ancestral comum não necessariamente é africano, e que, de fato, “nunca foi provado que ele viveu na África” (Klyosov e Rozhanski, 2012). Os autores examinaram a teoria da origem “Out of Africa” dos europeus caucasianos analisando 7.556 haplogrupos e não encontraram nenhum deles entre os haplogrupos africanos A e B, e, inversamente, não encontraram nenhum haplogrupo europeoide entre os africanos. Diante deste fato, em que dúzias de marcadores genéticos não encontram correspondência entre um e outro grupo, fica difícil, senão impossível admitir qualquer ligação entre a origem dos europeus e a teoria Out of Africa. Os resultados apresentados nesse trabalho forçam a conclusão que africanos e caucasianos descenderiam separadamente de um ancestral comum bem mais antigo.

Essa conclusão pode ser chocante para alguns, mas não acho que isso deva alimentar acusações infundadas de racismo dos autores, pois não se trata aqui de ideologia, mas de evidências que aguarda um ampla discussão na academia. O trabalho deixou causou mal estar no ar ao inviabilizar a tese da gênese africocêntrica e da “Eva africana” dos defensores do Out of Africa, e a imprensa e o meio acadêmico continuam ignorando o trabalho de Klyosov e Rozhanski. Com isso, ficamos sem o debate público que certamente traria importantes contribuições e críticas.

O quebra-cabeça de nossa origem começa a formar seu primeiro esboço. Não há mais dúvidas de que a humanidade, geneticamente falando, é uma espécie híbrida, e a teoria afrocêntrica de nossa origem não é mais um consenso. Ao que parece, um ancestral mais comum antigo do que até então se acreditava teria originado dois grandes grupos geográficos humanos, e isto de modo algum significa, no meu entender, duas raças. O que parece ser certo é que não estávamos sozinhos no Paraíso.

Referências:

Klyosov AA, Rozhanski IL. Re-examing the “Out of Africa” theory and the origin of Europeiods (Caucasians) in the light of DNA genealogy, Advances in Anthropology 2012; 2: 80-6.

Caramelli D, Milani L, Vai S, Modi A, Pecchioli E, et al. A 28,000 years old Cro-Magnon mtDNA sequence differs from all potentially contaminating modern sequences, PloS ONE 2008 (Published On-line July 16, 2008).

 



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